Conheci Nara Leão pessoalmente ,quando ( Os 3 Morais ) fomos convidados pelo diretor Nilton Travesso para fazermos o programa “ Para ver a Banda Passar”, que seria um programa com os artistas Chico Buarque de Holanda e Nara Leão.
Este programa ‘Para ver a Banda passar’, nasceu pelo imenso sucesso que fez a música “A
Banda”, no Festival da Record, que também foi apresentada pelos dois Chico e
Nara.
Apesar de muitos pessimistas não acreditarem que o Chico e a Nara, pudessem apresentar um programa de TV, por serem os dois visivelmente tímidos, eles se saíram muito bem e este foi mais um programa de sucesso da TV Record.
Apesar de muitos pessimistas não acreditarem que o Chico e a Nara, pudessem apresentar um programa de TV, por serem os dois visivelmente tímidos, eles se saíram muito bem e este foi mais um programa de sucesso da TV Record.
Nós Os 3 Morais, já éramos contratados da TV Record e já
participávamos do programa ‘O Fino da Bossa’, de Elis Regina e Jair Rodrigues.
Talvez também tenha contado pontos o fato de Os 3 morais
terem participado do 2º lp do Chico, ou seja, estávamos de certa maneira unidos
no mesmo som .
Foi um programa muito
bom de se fazer..
Chegávamos para o ensaio todas as quintas feiras na parte da
manha, pegávamos nossa participação e começávamos a ensaiar.
Foram durante essas quintas feiras, que eu tive a
oportunidade de conhecer Nara Leão.
Nara com certeza era tudo o que uma mulher dos anos 60
gostaria de ser : bonita , inteligente, extremamente feminina muito simpática e
charmosíssima !
Era incrível , como os homens babavam, quando ela lhes dava
atenção.
Todos, sem exceção, os músicos, diretores e todos os
trabalhadores da Record...
Nara primava pela educação e cumprimentava a todos com muito carinho...
Quanto a mim, éramos as duas mulheres fixas do programa,
então nós duas saíamos quase sempre juntas pra tomar nosso lanche, no bar da esquina.
Ali, passávamos horas trocando figurinhas.
Nestas nossas conversas sobre a vida, Nara me revelou que
sonhava em ter filhos, tinha medo que a idade passasse e por causa de sua
carreira de cantora e não desse tempo
para ela, que já se julgava envelhecida.
Então, quando eu dizia que eu havia tido uma filha muito jovem, assumindo assim um compromisso serio
e pesado demais pra mim...Ela me ‘consolava’, dizendo: Você fez o certo, quando
estiver mais velha, sua filha poderá ser sua amiga.
Agora você deve focar
em sua carreira, porque quando estiver no ‘auge’, não vai ter
que parar de cantar, pra ter filhos, como eu pretendo fazer... e brincava...´É só eu encontrar
o homem certo e ria , ela ria sempre, ela
era um encanto de pessoa.
Nessa época a minha filha Debora, tinha muito o jeito da Nara, era clarinha, com cabelos pretos e lisos, então cortei os cabelos dela, igual aos da
Nara e como sabia que Nara gostava de crianças , levei-a em um ensaio, para que Nara a conhecesse.
A Nara adorou, ficou
andando por toda a Record , dizendo a todos...Olha a minha filhinha, muitos
acreditavam , porque eram muito parecidas as duas, ela ria e depois contava a verdade...
É muito bom lembrar , como foi engraçado vê-las andando na
minha frente, pelos corredores da Record, o mesmo tipo de cabelo e as mesmas pernas
grossas .
*Sobre o corte de
cabelos: aquele corte de cabelos com franja
e com a parte da frente mais comprida que a de trás, poucas pessoas
sabem, mas esse corte de cabelos, que é
moda ate hoje , foi lançado pela Nara Leão.
Foi uma adaptação do
corte Chanel.
Ela cortava o cabelo a Chanel e deixava a parte da frente
sempre mais comprida.
A Nara lançou muita moda.
Os vestidos curtos com corte reto, com a saia um pouquinho evasé, os sapatinhos boneca...Quase sempre de
cor preta e com poucos detalhes.
Lembro-me que eu copiava este estilo de se vestir da Nara.
Alias, a maioria das cantoras de bossa nova, usavam esse tipo de modo de se
vestir, o Quarteto em Ci, a Ivete, O Quarteto As Meninas , a Gal Costa (
antes da tropicália), entre outras.
Nara era muito elegante , suas roupas eram lindas e primavam
pela discrição.
Ela chegava direto do
aeroporto para a tv, com um sapatinho baixo,
tipo boneca, ensaiava e ia para o camarim se trocar, para fazer o programa.
Independente da roupa que usasse, o sapatinho era sempre o
mesmo.
Um caso que marcou pra mim foi no dia de seu aniversario, Nara pediu que eu
fosse ao seu camarim para ver a roupa que sua irmã Danuza ,havia trazido do
exterior para ela, como presente de aniversario.
Estava estendida em
um sofá, uma saia curta metalizada, com blusa e meias, em lamê, um tecido que depois levou o nome de
lurex, também o sapato e os brincos, tudo na cor prateada.
Achei lindo tudo aquilo, aquela combinação em prata, para
ela que tinha cabelos pretos, ficaria lindo! E disse pra ela _vai ficar lindo
em você!
E ela olhava e olhava e dizia : _ poxa Janinha ,estou
achando muito exagerado, não combina comigo e esses brincos e colocou
um dos brincos perto da orelha dizendo...
“Estarei parecendo uma arvore de Natal”, esta foi a primeira
vez que ouvi essa comparação.
Ela usou a roupa nesse dia, sem os brincos; E foi super
elogiada por todos.
Esta mesma roupa , sem os brincos e sem as meias , ela usou
também quando ganhou o festival da Record
com a musica ‘A Banda’.
A Nara marcou muito na minha vida, pelo seu jeito suave e
moderno de ver a vida.
Uma mulher forte e sem preconceitos, pra tudo ela dava uma solução, parecia que a
vida pra ela tinha que ser vivida assim, com essa leveza e esse encanto.
Acompanhei de longe sua vida e vi que ela conseguiu conciliar
uma carreira de sucessos, casar e ter filhos ; Pena que tenha ido embora tão
cedo.
Talvez a Nara fosse um Anjo com uma passagem rápida e harmoniosa, por este nosso planeta tão rude.
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